Minha Vida era uma Eterna Tempestade – IV

A Minha Vida começava a seguir por um novo rumo, um novo caminho. Tinha tudo, tudo que desejava eu conseguia. O sucesso da vida fácil me levou ao marasmo e por causa disso eu procurava uma nova sensação todos os dias, em todos os momentos, lembrando graciosamente a noite anterior, sem perceber que a vida fútil e fácil continuava.

Eu tinha uma Vida perfeita??? Tudo que eu queria e desejava estava ao alcance dos meus dedos. Uma bela casa, roupas novas e de grife, dinheiro era só pedir, um bom carro para transitar e gastar gasolina estava sempre na garagem. E as mulheres??? Era sempre uma nova e bem safada, às vezes eram duas, mas isso é história para outro momento. A Escola estava no mesmo lugar, mas era eu que não a frequentava e meus pais eram muito legais, pois não me importunavam, nada falavam comigo e quando eu os via não me enchiam o saco e pouco conversavam comigo.

Quem estiver lendo deve imaginar, “Mas se este cara não estuda, pelo menos ele deve trabalhar!!!”. Hilária esta parte não??? Eu poderia ser o sucessor do meu pai ou enveredar pelo caminho que mais me apaixonasse, porém com esta vida fácil e tranquila, não me passava pela cabeça que um dia eu deveria trabalhar, conquistar o meu espaço, ser feliz naquilo que mais eu gosto, que a bem da verdade eu não sabia, ganhar o meu próprio dinheiro e a minha independência, ser alguém na vida que não fosse filho de fulano ou fulana, sobrinho de cicrano ou irmão de beltrano. Eu não queria nada com trabalho.

Os dias eram pura farra. Acordava tarde, mal comia alguma coisa e já estava na rua, ou transitando pela praia ou visitando os amigos depois do horário da escola. O almoço era sempre uma besteirinha, salgado, sanduíche, espetinho, sempre acompanhado de refrigerante ou então indo a restaurantes caros, pedindo pratos de alto custo, que nem todos podiam consumir diariamente.

Na verdade eu passava os dias esperando a noite chegar, sim, pois havia estabelecido que a farra mais pesada fica reservada para o período noturno, quando todos os parceiros das viagens fantásticas já haviam saído do trabalho, da escola ou dos seus afazeres domésticos e diários.

Os encontros ocorriam sempre tarde da noite e terminavam na madrugada. A “tchurma” era a de sempre e de vez em quando novos “amigos” chegavam, sendo mais interessante quando as novas “amigas” apareciam querendo fazer parte do grupo. Cada um tinha uma razão para querer participar. Se achavam feios, porque eram gordos, por serem rebeldes, mal compreendidos pelos pais, de vida fútil como a minha ou pelo fato de desejarem usar de outras substâncias que não fosse apenas o álcool.

Todas as noites era a mesma coisa e no dia seguinte também, o que nos levava a repetir a noite anterior, transformando a minha vida numa eterna tempestade.

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