Safra de vinhos italianos 2022 ameaçada por causas climáticas

*Stefan Massinger

 

Sabemos, que o mundo está enfrentando mudanças climáticas e nos humanos deveríamos terá consciência que todos nós temos que mudar certos hábitos para evitar o aquecimento global e melhorar a situação atual. Conforme o importante jornal weinplus da Alemanha, o norte da Itália está sofrendo com uma seca extrema com baixas históricas em lagos e rios. Piemonte, Lombardia, Veneto e Emilia-Romagna são particularmente afetados. Segundo a associação de agricultores italianos Confagricoltura, os prejuízos na agricultura já chegam a dois bilhões de euros.

O secretário de Estado do Ministério da Agricultura, Gianmarco Centinaio, anunciou um decreto para salvar a agricultura. A situação é grave. As regiões italianas estão, portanto, pedindo um estado nacional de emergência e aguardam uma ajuda rápida do governo. As primeiras regiões já decidiram pelo racionamento e muitas comunidades proibiram o uso de água à noite. Emilia-Romagna declarou estado de emergência em 21 de junho.

O Vale do Pó, em particular, está sofrendo com a escassez extrema de água porque não nevou neste inverno. E a água, que normalmente derrete das camadas de neve está faltando este ano. O baixo nível do maior rio da Itália é particularmente problemático porque a água salgada do mar agora flui cerca de 21 quilômetros para o interior. Para ajudar os agricultores, foram feitos pedidos para aumentar a quantidade de descarga do Lago de Garda, primeiro em dez e depois em 30 metros cúbicos por segundo. Com uma capacidade de 50 quilômetros cúbicos, o Lago de Garda é o maior reservatório de água do norte da Itália.

Como o Lago de Garda é relativamente bem preenchido em comparação com o Lago de Como e o Lago Maggiore em cerca de 60%, a abertura das eclusas é totalmente justificável para os especialistas. Mas as comunidades do Lago de Garda estão soando o alarme e temem que, depois do Pó, o lago em breve esgote suas reservas. Os fornecedores de eletricidade Enel, Edison e A2A mostraram sua solidariedade com os agricultores e concordaram em drenar um total de cinco milhões de metros cúbicos de seus reservatórios nos próximos dias.

Os viticultores do norte da Itália também temem por sua colheita. O enólogo de Moscato Francesco Bocchino (Tojo Winery) do Piemonte está preocupado: “Nossas vinhas sofrem muito com o estresse da seca, especialmente aquelas voltadas para o sul. Todas as reservas de água se esgotaram, os poços secaram, os rios estão em níveis muito baixos. Embora tenha chovido um pouco hoje, se não houver chuvas significativas nas próximas semanas, vejo preto para este ano.”

A enóloga de Lambrusco Silvia Zucchi, de San Prospero, perto de Modena, também está desesperada. Suas vinhas recém-plantadas estão à beira do colapso. “Instalamos especialmente um sistema de irrigação muito caro, mas agora o governo regional nos proibiu de regar as vinhas. Para nós, é uma catástrofe financeira.”

Os agricultores só podem esperar chuva, mas a previsão do tempo para os próximos dias promete recordes de calor para o norte e centro da Itália. Ainda não é a época de colheita na Itália, mas se durante o período de crescimento das uvas falta chuva nas quantidades mencionados, temos que ser preocupados sim. Vai ter menos vinho, vinhos com qualidades diferentes e consequentemente menos exportações e aumente ode preço. Juntando com o problema atual de falta de contêineres e embalagens para envasar, embalar e transportar os vinhos para Brasil e outros destinos – só resta uma consequência lógica – os preços dos vinhos italianos vão subir, e muito….adicionando um eventual cambio entre real e euro desfavorável à nos brasileiros, vejo que vinhos italianos vão se tornar em objetos de luxo pelos preços, que vamos ter que pagar para apreciar os Sangioveses ,Frascatis, Pinot Grigios, Dolcettos, Brunellos e Nero d’Avolas …

Esperamos, que chove logo para recuperar um pouco e que a safra 2022 não seja tão comprometido como hoje apareça.

 

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo master do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, responsável para gestão de pessoas e vendas. Também já trabalhou com venda de vinhos e atua também como consultor independente de negócios.

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