Um Caiçara por Adoção fala sobre a Copa na Rússia

O comerciante e Caiçara por Adoção Osmar Cabrino Filho, de 62 anos, nascido em Santo André e morador na cidade há pelo menos 25 anos tornou-se o nosso emissário nas terras Russas e fala sobre a visita, como torcedor, a terra de Lênin na Copa do Mundo. Cabrino descreve suas impressões sobre o país, seus costumes e é claro, sobre a participação da Seleção Brasileira.

A chegada a Rússia antecedeu uma viagem iniciada em 14 de maio com estadas em Paris por duas vezes, Barcelona e por último Sóchi, cidade que tornou-se a base da seleção brasileira na Copa do Mundo. Cabrino é sogro do zagueiro Marquinhos, jogador do PSG – Paris Saint-Germain, casado com a sua filha Carol Cabrino e que juntos tem uma filha.

Osmar Cabrino viajou a convite do genro, que pagou a estadia dele e de outras 22 pessoas, todas familiares e colaboradores. O nosso emissário, que é proprietário do Motel 820, situado no bairro de Martim de Sá não sabe dizer quantos quilômetros viajou, mas confirma que neste período fez 24 voos.

A Rússia para Cabrino Filho é um país muito bonito, um local que ele não imaginava tivesse tanta beleza, assim como a receptividade e alegria do povo russo, que mora em cidades projetadas e bem estruturadas. Ao contrário do que todos afirmaram, o russo não é uma pessoa sisuda. “Os russos são tímidos e não sisudos”, disse.

Durante sua estada, entre um jogo e outro, visitou as cidades de Roskov, Sóchi, Kazim e por último São Petersburgo. “Todas as cidades são extremamente limpas e bem organizadas”, relatou. Em Sóchi, cidade que mais tempo ficou são somente elogios, pois toda infraestrutura daquela cidade foi criada para abrigar os atletas das Olimpíadas de Inverno de 2014, mantendo-a para a Copa do Mundo deste ano. Osmar cita detalhes da organização de cidades como Moscou e São Petersburgo, que além da limpeza exemplar, determinava locais específicos para os fumantes e seu vício, cooptado por boa parte da população.

Quanto ao clima, Cabrino Filho não viu diferença, pois passava os dias com temperaturas de 35 a 36 graus, similares aos nossos dias de verão nos trópicos, mas com uma sensação térmica muito maior. A particularidade vinha do amanhecer e anoitecer. Na Rússia durante o verão o nascer do sol ocorria geralmente por volta das 3h30 da manhã e o anoitecer por volta das 23 horas. Ainda sobre o clima e temperatura uma das diferenças encontradas vinha das praias, que não são de areia, mas sim de pedra e devido ao limbo, o banho era dificultado, com exceção daqueles que tinham uma sapatilha especial que garantia o caminhar.

Cabrino frisou que devido as altas temperaturas acabou se enganando quanto ao guarda roupa, sendo necessário comprar roupas mais leves para se adequar ao forte calor russo.

Mesmo não percebendo uma presença ostensiva da segurança russa, o nosso emissário sentiu-se tranquilo e protegido, pois podia caminhar a qualquer hora do dia e da noite pelas cidades em que esteve e as únicas ações que presenciou foram uma briga no estádio entre dois torcedores brasileiros, que culminou com os seguranças ladeando um destes torcedores durante todo o jogo, isto sem antes levar uma lição de moral de aproximadamente 30 minutos, e em outra ocasião, quando, durante a madrugada ele mesmo foi abordado por dois policiais que mostraram a ele estar em local errado para a prática do tabagismo.

Ainda falando em Segurança, Cabrino destaca o Fan ID – Fan Identification – Identificação de Torcedor, que era exigido em todos os lugares que fosse e mesmo que ultrapassasse um determinado local por várias vezes. O Fan ID obedecia um processo de dupla checagem; seja pelo nome e os dados nele contidos, seja pela fotografia, que era verificada num programa de reconhecimento de imagem.

Mesmo sendo alguém que sempre enfrenta problemas de alimentação quando viaja, devido a diferença de tempero, Osmar conseguiu degustar a culinária russa sem maiores transtornos. “Tive muita sorte pois em Sóchi, por ser cidade de praia, havia muitos frutos do mar para experimentar”, disse. Ao mesmo tempo fala em pratos de carne com tempero suave e massas parecidas com as servidas no Brasil. A escolha do prato não se revelou um tormento, pois mesmo com o cardápio em russo, os pratos eram identificados por fotografias. O único problema, que deixava a todos em dúvida vinha na hora de pagar a conta, pois como estava em Cirílico, você não sabia se a quantidade e os pratos pedidos estavam demonstrados de maneira correta na nota fiscal.

Falando em Nota Fiscal e em câmbio, Cabrino Filho afirmou que o cálculo era feito em Euro e não em Dólar ou em Reais, para saber o preço dos produtos, pois ele vinha de cidades europeias. Em Resumo com €$ 0,90 – aproximadamente R$ 4,00 – você podia comprar RUB $ 100,00. Ao mesmo tempo revela que na Rússia o custo de vida mostrou-se baixo e que o atendimento nos estabelecimentos foi muito bom, mesmo com os russos não falando inglês de forma fluente, mas que com “jeitinho”, tudo se arrumava, tudo se conseguia.

Falando de Seleção Brasileira, Osmar Cabrino não sabe dizer se o avião fretado foi pago com verba pública ou da CBF, mas garante que as despesas dos familiares dos jogadores foram pagos por eles e não pela CBF. Osmar defende a presença das famílias e sua interação, que ocorria sempre a noite, após os treinos, na hora do jantar ou nos dias de folga após as partidas. Ao contrário do que muitos afirmaram a interação dos jogadores com as famílias foi copiado da seleção Alemã em 2014 no Brasil e foi sugerido pelo técnico Tite.

A derrota do Brasil para a Bélgica e sua desclassificação vieram, na ótica do nosso emissário, a princípio pelo fato de ser Copa do Mundo, onde todo cuidado é pouco para com os adversários e posteriormente porque a seleção entrou em campo com excesso de confiança. Para Osmar o técnico Tite confiou demais nos jogadores mais experientes, os chamados “seus parças” e menos nos garotos, como Marquinhos, que jogou as eliminatórias, foi campeão Olímpico e na Copa do Mundo perdeu a vaga para Thiago Silva.

Quanto a Neymar afirma que o atacante foi injustiçado e que mesmo forçando um pouco, o fez por ser brasileiro, franzino e por provocar os zagueiros adversários com a sua maneira de jogar futebol. Finaliza acreditando que muito irá mudar para a Copa de 2022 no Catar, primeiro pela idade dos jogadores no atual elenco e segundo pela Comissão Técnica. Cabrino não acredita que Tite continuará como técnico da seleção canarinho.

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